Olá pessoal!

Temos mais uma entrevista bem legal para compartilhar com vocês :)

Eu (Bianca Evellyn) junto com o Team entrevistamos o Enfermeiro Paulo Mateus Silva Rodrigues, graduado em Enfermagem pela Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) - 2019. Atua como Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica da Fiocruz, na Unidade Básica de Saúde 01 da Estrutural - Estratégia Saúde da Família.

Vamos conferir o que ele tem para nos contar?

 

Team Mentoria:

De que forma/que mudanças estão ocorrendo no dia a dia do seu local de trabalho desde que iniciou a atual pandemia da COVID-19? Novas demandas? Novos protocolos? Desafios? Preocupações?



Enfermeiro Paulo:

"Observando as mudanças que ocorreram desde o início da pandemia do COVID-19, entendo que a Atenção Primária em Saúde (APS) foi uma das primeiras a se deflagrar com as medidas propostas após ser decretado estado de emergência sanitária.

Em questão de poucos dias tivemos que repensar todo o fluxo de pacientes na unidade seguindo as propostas fornecidas pelas portarias ministeriais, decretos, protocolos e outros documentos das autoridades sanitárias, afinal a APS é porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS).

As mudanças foram instituídas com a colaboração mútua de todos os profissionais da unidade e em conformidade com as recomendações do Ministério da Saúde. Estas medidas foram tomadas para continuidade da oferta de outros serviços essenciais, bem como a devida condução dos casos suspeitos e confirmados de COVID-19, pelos profissionais de saúde.

Além disso, a atenção redobrada aos protocolos foi considerável. O risco de contaminação se mostrou cada vez mais real conforme os casos surgiam. Profissionais de todas as categorias passaram a atuar ativamente na causa, respeitando as atribuições e competências de cada função. O conjunto de profissionais tornou-se uma unidade de colaboração perante a atenção voltada ao paciente.

Conforme os estudos se qualificam quanto a questão do COVID-19, as novas atualizações dos protocolos surgem e orientam melhorias que estão sendo implementadas no decorrer do processo. Um exemplo são as recomendações de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), suas recomendações de utilização e outros. Evidente que a falta/limitação em números destes insumos foi perceptível na prática diária (sendo também um desafio).

Entre os desafios, enfrentar o impacto psicológico de uma pandemia que tem provocado muitos óbitos é o maior deles. Essa questão requer cada vez mais a atenção de especialistas que já estão estudando o comportamento dos profissionais frente à pandemia do COVID-19; também vivenciamos problemas. A maior preocupação ao meu ver é sobre a subnotificação de casos. Isso prejudica em vários sentidos a devida manutenção das medidas de contenção e mitigação implementadas."



Team Mentoria:

Como que está a questão da Biossegurança? Os EPI’s necessários estão disponíveis? Conseguem cumprir a demanda de toda a equipe?



Enfermeiro Paulo:

"Desde o início a utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) foi devidamente pontuada pelo corpo de profissionais para garantia de boas práticas de segurança. Segurança está tanto para os profissionais quanto para os pacientes.

Em contraponto, não havia insumos em quantidade necessária para utilização (adequada ou por excessos) pelos profissionais, mostrando a necessidade de maior atenção por parte dos próprios profissionais sobre o momento correto para sua utilização e para os gestores sobre a necessidade de um maior quantitativo desses insumos a serem disponibilizados aos profissionais. Atualmente, os insumos estão disponíveis, mas em quantidade não compreendida como o ideal."



Team Mentoria:

O atual cenário tem afetado sua vida pessoal/familiar? De que forma?



Enfermeiro Paulo:

"Certamente. Não houve uma mudança de rotina apenas no local de trabalho. As modificações também contemplaram o meu ambiente domiciliar, bem como os meus familiares.

Em casa é quase como se houvesse a instituição de protocolos padrões de higienização ao chegar em casa, entrar em casa, circular em casa e até para sair. A utilização de álcool em gel e a lavagem das mãos se tornou prática obrigatória em todos os momentos. Além disso, a rotina diária de atividades foi restringida, sendo as saídas apenas para o estritamente necessário, visando garantir maior segurança para todos."



Team Mentoria:

Qual a sua visão à respeito da valorização da Enfermagem antes da pandemia e agora, durante a pandemia? 



Enfermeiro Paulo:

"É notório que a enfermagem é uma profissão desvalorizada. Essa perspectiva também está em acordo com as colocações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Brasil. Na minha opinião, a pandemia evidenciou a necessidade deste profissional para os serviços de saúde em um grau jamais visto na história. Entretanto, me questiono se esta visão será mantida após este evento. A profissão necessita de maior união e reconhecimento profissional, melhor remuneração, maiores oportunidades, dentre outros."



Team Mentoria:

As mídias têm publicado constantemente notícias de que o Ministério da Saúde atrasou os pagamentos dos residentes. Qual é sua posição perante esse fato?



Enfermeiro Paulo:

"Somos pessoas com necessidades sociais, psicológicas e biológicas. A atuação nos programas de residência como profissional residente é qualificada como um vínculo de trabalho com dedicação exclusiva. Em outras palavras, o profissional residente não pode exercer outro tipo de trabalho. O atraso no pagamento das bolsas nos prejudica em nossas necessidades por ser a única fonte de renda no exercício da função. Dessa forma, entendo como infundado, seja qual for o argumento colocado. O prejuízo desse tipo de fato é arcado pelo profissional residente e, pode vezes, pode gerar danos irreparáveis."



Team Mentoria:

Que dica você pode deixar para os estudantes e também para a comunidade em geral em relação aos cuidados frente a Covid-19? E sobre as Fake News que tanto amedrontam a população?



Enfermeiro Paulo:

"Sobre os cuidados, recomendo filtrar bem as informações buscando fontes confiáveis. Além disso, compartilhar informações apenas após analisar bem o seu conteúdo e autenticidade. Entendo as Fake News como desconstrutoras de qualquer forma de propagação de informações verídicas. São prejudiciais.

Dessa forma, devemos ter mais acurácia ao nos depararmos com qualquer informação, sendo críticos e reflexivos sobre a utilidade pública da mesma antes de compartilhar."


Esperamos que tenham gostado da nossa entrevista! Fiquem ligados, em breve teremos mais :)


Sucessooooooo Paulo!