Mentoring (Mentoria) vem sendo reconhecido como uma estratégia que propicia desenvolvimento em diversas áreas da vida adotado em diferentes contextos, em especial o cenário organizacional e empresarial, mas também cenários educacionais e clínicos.

Apesar de ser apresentado como um fenômeno contemporâneo, o mentoring remete ainda aos tempos das civilizações antigas. Considera-se a Odisseia de Homero um dos primeiros registros que refletem a essência e os pressupostos sobre mentoring por meio da relação estabelecida entre duas personagens, a saber: Mentor e Telêmaco.

Mentor era o nome de um conselheiro a quem foi dada a responsabilidade de orientar e apoiar o jovem Telêmaco, filho do rei Odisseu, traduzido na versão latina por Ulisses, a desenvolver-se a nível pessoal e de vivências práticas, quando o rei foi para a Guerra de Tróia.

A Guerra de Tróia durou 10 anos e a viagem de regresso de Ulisses levou praticamente o mesmo tempo, sendo regada por muitas peripécias e aventuras. Telêmaco angustiado e vulnerável durante todos esses anos, assistiu sua mãe ser coagida a estabelecer um novo matrimônio diariamente por um grupo de insistentes pretendentes, que consideravam Ulisses morto.

Frente a isso, Telêmaco decidiu sair em busca de notícias de seu pai com o suporte, orientação, coragem e inspiração de Mentor. Diante da relação de aprendizagem estabelecida entre o sábio Mentor e o jovem Telêmaco, o termo Mentor perpassou os séculos como sinônimo de guia experiente e sábio

Ao fazermos um paralelo com nossa "estória" de universitários, podemos considerar que estamos vivendo a Odisseia dos estudantes de enfermagem da Universidade de Brasília (UnB)! Sim, odisseia significa viagem repleta de aventuras extraordinárias.

São muitas aventuras que vivenciamos durante a jornada acadêmica e é neste contexto que o Projeto de Mentoria se apresenta como uma estratégia em que mentores, viajantes mais experientes nessa Odisseia, acompanham os mais novos Telêmacos do curso de Enfermagem da UnB.

      Criado em 2017, o Projeto tem como essência o acolhimento e o apoio mútuo entre pares de estudantes: os mentores, que estão há mais tempo na universidade e no curso de enfermagem, e os mentorados - calouros ou estudantes, que independentemente do semestre, desejam apoio.

         Trata-se do mentoring na modalidade entre pares, que pode ser definido como uma relação de apoio entre estudantes, em que um estudante experiente e empático, o(a) mentor(a), orienta, apoia e influencia outro, o mentorado, em seu desenvolvimento pessoal, acadêmico/profissional, mediante interação revestida de camaradagem, confiança e compreensão.

     Na mentoria estudantil entre pares, essa relação é horizontal, pois ocorre entre estudantes, não envolvendo interferência direta de docente ou de profissional, permitindo assim o compartilhamento de opiniões, de planos pessoais, de problemas do dia a dia, além da oportunidade de reflexão e apoio pessoal. O mentor e o mentorado estão livres para estabelecer a relação da forma que melhor se adaptarem, e essa relação não implica necessariamente em amizade. Podem se comunicar pessoalmente, por mensagens e até por e-mails, abordando assuntos acadêmicos/profissionais ou pessoais, a depender da demanda.

      Os principais benefícios da mentoria para os estudantes mentorados consistem no apoio recebido dos pares no início da vida acadêmica e na aquisição de novos conhecimentos. Já para os mentores, destacam-se a gratificação pessoal, o desenvolvimento de habilidades de liderança, comunicação e gestão, essenciais para a inserção no mercado de trabalho como futuro profissional. E, claro, muito aprendizado para ambas as partes!!!

 

E aí, curtiu?

Quem tal compartilhar conosco um pouco sobre as aventuras que você já vivenciou ou que você gostaria de experimentar durante sua Odisseia universitária?!



Este texto foi inspirado em BELLODI, P. L.; MARTINS, M. A. Tutoria: mentoring na formação médica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.


Nos apoiamos também nas fontes:


BERNHOEFT, R. Mentoring - prática e casos: Fundamental para o desenvolvimento de carreiras. São Paulo: Évora, 2014.


GILMOUR, J. A.; KOPEIKIN, A.; DOUCHE, J. Student nurses as peer-mentors: collegiality in practice. Nurse Education in Practice, v. 7, n. 1, p. 36-43, 2007. Disponível em:https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17689422


PENIN, A. T.; CATALÃO, J. A. Ferramentas de mentoring. Lisboa: Lidel, 2018.